No processo em que as coisas se renovam, por vezes, braços e dedos ávidos, fluidos como água, engolem o corpo. Puxam para trás, recuam-nos. Fazem-nos, não sei porquê, voltar, como se tivéssemos esquecido qualquer coisa ao sair de casa, uma luz acesa, um fio de água numa torneira, mas não, regressamos e tudo afinal igual. Pergunto-me porque voltamos atrás e não há resposta, tudo na mesma, e contudo uma perna a querer fechar a porta e a outra do lado de cá a inventar uma torradeira que se deixou ligada, a alinhar uma almofada fora de sítio, e nisto anos e anos perdidos, sem qualquer significado, todas as coisas desses anos apagadas e nós, pasmados, Aqui outra vez?.
No entanto, há dias, momentos, segundos, em que o renascimento não dói. Já não dedos esquálidos a assustar no virar dos dias. Apenas mãos que se estendem, que confortam, que nos mostram, sem que pedíssemos, o caminho. Coisas e coisas que se movem devagar, vozes que nos chamam baixinho. E nós, tacteando no vazio e ainda assim confiantes, avançamos.
No entanto, há dias, momentos, segundos, em que o renascimento não dói. Já não dedos esquálidos a assustar no virar dos dias. Apenas mãos que se estendem, que confortam, que nos mostram, sem que pedíssemos, o caminho. Coisas e coisas que se movem devagar, vozes que nos chamam baixinho. E nós, tacteando no vazio e ainda assim confiantes, avançamos.