Há um tempo que penso nisto. Nesta frase simples, tantas vezes proferida, “Vive o momento”. Bem sei que o conceito não é novo; já Horácio dizia “Carpe diem”, mas está mais vivo que nunca, veja-se os milhões que faz Eckhart Tolle na venda de livros e afins escritos com esta premissa como ideia base. Mas a verdade é que há coisas que se ouvem centenas de vezes e à centésima primeira nos parecem diferentes. Talvez seja este o caso. Só sei que há um tempo que penso nisto. “Vive o momento”.
Como consequência directa teremos o desvalorizar do Passado e do Futuro, e com isto o desaparecimento da dor e da desilusão, uma vez que eliminamos os velhos traumas e deixamos de projectar expectativas no futuro, podendo assim ser felizes com aquilo que o momento presente, o isto e agora, nos traz. Até aqui nada de complicado, a não ser que para isso teremos de desactivar aquilo que de mais inato temos, aquilo que nos define como seres humanos; a capacidade de nos projectar para além de nós. “Penso, logo existo”, seria desconsiderado e, quem sabe, mudado para “Sinto, logo existo”.
Desde que o homem se libertou da absorvente necessidade de se sustentar materialmente, aquando do nascimento das primeiras civilizações, as perguntas começaram a surgir. De onde venho? Para onde vou? Que existe para além de mim? E nestas perguntas está o desejo de conhecer não só um porquê, mas principalmente um para quê, uma finalidade, um sentido. O próprio conhecimento do porquê tem como objectivo final o para quê; queremos saber donde viemos para saber para onde vamos. Foi remetida, então, para Deus, a responsabilidade da resposta; Cícero definia filosofia como a “ciência das coisas divinas”. Deus seria, em si, a causa e a consequência. O princípio e o fim. A finalidade suprema. E é esta finalidade que, e embora possamos continuar a crer na sua existência, terá de desaparecer dos nossos pensamentos mais profundos. O porquê e o para quê terão de perder a sua posição dominante nos nossos espíritos. Isto é, no fundo, a libertação das amarras que se nos apresentam sob a forma de dúvidas, de questões, impressas em nós pelos filósofos da antiguidade.
É aqui que me debato, compreendo o desejável que seria viver sem pré-conceitos e sem decepções, mas não sei como fazer para parar de questionar, para parar de querer saber o que trás o amanhã, para não balizar nem classificar os acontecimentos. Para, e é mesmo disso que se trata, apenas viver. Se alguém tiver a receita, se é que a há, agradeço. Mesmo.
Como consequência directa teremos o desvalorizar do Passado e do Futuro, e com isto o desaparecimento da dor e da desilusão, uma vez que eliminamos os velhos traumas e deixamos de projectar expectativas no futuro, podendo assim ser felizes com aquilo que o momento presente, o isto e agora, nos traz. Até aqui nada de complicado, a não ser que para isso teremos de desactivar aquilo que de mais inato temos, aquilo que nos define como seres humanos; a capacidade de nos projectar para além de nós. “Penso, logo existo”, seria desconsiderado e, quem sabe, mudado para “Sinto, logo existo”.
Desde que o homem se libertou da absorvente necessidade de se sustentar materialmente, aquando do nascimento das primeiras civilizações, as perguntas começaram a surgir. De onde venho? Para onde vou? Que existe para além de mim? E nestas perguntas está o desejo de conhecer não só um porquê, mas principalmente um para quê, uma finalidade, um sentido. O próprio conhecimento do porquê tem como objectivo final o para quê; queremos saber donde viemos para saber para onde vamos. Foi remetida, então, para Deus, a responsabilidade da resposta; Cícero definia filosofia como a “ciência das coisas divinas”. Deus seria, em si, a causa e a consequência. O princípio e o fim. A finalidade suprema. E é esta finalidade que, e embora possamos continuar a crer na sua existência, terá de desaparecer dos nossos pensamentos mais profundos. O porquê e o para quê terão de perder a sua posição dominante nos nossos espíritos. Isto é, no fundo, a libertação das amarras que se nos apresentam sob a forma de dúvidas, de questões, impressas em nós pelos filósofos da antiguidade.
É aqui que me debato, compreendo o desejável que seria viver sem pré-conceitos e sem decepções, mas não sei como fazer para parar de questionar, para parar de querer saber o que trás o amanhã, para não balizar nem classificar os acontecimentos. Para, e é mesmo disso que se trata, apenas viver. Se alguém tiver a receita, se é que a há, agradeço. Mesmo.
3 comentários:
Não me parece que tenha que existir uma libertação das dúvidas e das questões, tão só uma nova forma de as abordar. A receita que procuras podes já encontrá-la num dos grandes livros, de um autor que justamente citas, Eckart Tolle, "be still and know that you are God".
Porque enquanto se fizer como se faz, apenas se pensa que se vive, e isso é sobreviver. Não ajudei nada pois não?
Conheço dois livros dele, A New Earth e The Power of Now, tendo este último também uma boa receita. Mas, por qualquer razão, acontece como nos sufflés; ou queimam ou vão abaixo. Será que falta cá dentro aquele ingrediente secreto das receitas das avós... amor, não era?
Ou talvez seja mais simples...
P.S. Tu ajudas sempre!!
acho que uma das coisas que pecam nas abordagens ditas "novas" (whatever that means) é a necessidade de "rotura": como se viver o momento implicasse desvalorizar o passado e o futuro, ou o desaparecimento da dor e desilusão
acho que não
acho que isso nunca acontece;
acho que ao ir por aí se criam mais problemas do que soluções;
- se estou neste presente foi que o passado aqui me trouxe, e
- neste presente faço em permanência o futuro,
- com o segundo de agora já fiz passado e é o futuro que mo faz, e
- com isso mais do que nunca a força do
- aqui e agora, o momento vivo
isto são La Palices, não estou a criar nada de novo
o preconceito existirá sempre, as decepções também, os traumas vão-se vivendo (se não foram demasiado presentes serão só traumazinhos), as expectativas são mais do que humanas (são tb sal que dão tanta energia para seguir em frente, se forem em excesso é que podem consumir energia de mais na frustração!),
viver é a mistura de tudo, e se tiver essa componente presente de consciência do aqui e agora, será/é tão mais rica a experiência de vida
há uma componente nisto tudo que a mim me faz ticking de forma diferente e tão melhor: impro, improvisation... improviso, não o desenrasca, não é isso, é a súmula do aqui e agora
Keith Johnstone (João Pedra :-), um ou dois livros dele, o Impro, por exemplo, que dá as pistas para esta coisa que é a consciência tão grande do aqui e agora... ajuda tanto a eliminar os preconceitos, os filtros responsáveis por nos obrigarmos a termos sempre ideias interessantes ou seremos desconsiderados, o deixar ir porque a espontaneidade é a chave da vida
o que o Impro tem é isso: a recuperação da espontaneidade que enquanto crianças tínhamos a rodos e que as martelagens de tudo à nossa volta nos foi fazendo perder
a espontaneidade é o eu
e quando o eu é martelado para se formatar ao que são as convenções ou o que se espera de nós, começa o infortúnio de viver o que os outros querem que vivamos em vez de vivermos o que espontaneamente procuramos
isto não e a apologia da anarquia!
em rigor a anarquia advoga que a minha liberdade termina onde começa a do outro
e do meu espaço de conforto, outra forma de dizer liberdade, e do espaço de conforto do outro, eu não abdico, porque para existir o outro, eu existo, que eu sou o outro para o outro, e nisso sou eu
:-)
e vivo :-)
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