A verdade é que me apeteceu. E depois de me apetecer, fiz. Sempre acompanhada da mesma questão, sempre com a mesma dúvida, sempre a perguntar-me porquê?, e logo uma coisa qualquer, por detrás da cortina transparente da janela, e porque não? Seria uma voz, ainda que não se ouvisse? Não. Era, muito provavelmente, só uma coisa qualquer que não sabia o que dizia. Ainda assim, segui-a. Se é para ficar, para alimentá-lo todos os dias na tentativa de crer que algo válido, se é para o encher com reflexões que valham a pena, ainda não decidi. A verdade é que me apeteceu e fiz. Não sei porquê, nem porque não, mas curiosamente esse facto não é inquietante e, arrisco confessar, confere-me até uma sórdida liberdade. Veremos...
Por dulce surgy

Completamente desnecessário

Culturalmente, temos a convicção de que as tragédias nos elevam a alma. Pensamos que o discernimento nos vem da quantidade de aflições por que passamos. De cada vez que nos acontece cair escadas abaixo, consola-nos o facto de ficarmos mais fortes, mais sábios. É esta forma de encarar o sofrimento como uma mais-valia a nossa arma defensiva contra o ataque da frustração. Não fosse pensarmos que nos servia de alguma coisa as dores da alma, e estas não passariam disso mesmo, sofrimento, dor, auto compaixão. Assim, damos um sentido a todas as avalanches que nos vão soterrando a vida, convencendo-nos de que, bem vistas as coisas, elas até são necessárias e valiosas. Promovemos as nossas decepções a fisioterapeutas acometidos de sincera preocupação no recuperar dos nossos membros flácidos de desconhecimento e ignorância, mostrando os seus melhores sorrisos a cada esgar de dor. E vivemos bem assim.

1 comentário:

MU disse...

Muito verdade, e viva a vida assim.

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