A verdade é que me apeteceu. E depois de me apetecer, fiz. Sempre acompanhada da mesma questão, sempre com a mesma dúvida, sempre a perguntar-me porquê?, e logo uma coisa qualquer, por detrás da cortina transparente da janela, e porque não? Seria uma voz, ainda que não se ouvisse? Não. Era, muito provavelmente, só uma coisa qualquer que não sabia o que dizia. Ainda assim, segui-a. Se é para ficar, para alimentá-lo todos os dias na tentativa de crer que algo válido, se é para o encher com reflexões que valham a pena, ainda não decidi. A verdade é que me apeteceu e fiz. Não sei porquê, nem porque não, mas curiosamente esse facto não é inquietante e, arrisco confessar, confere-me até uma sórdida liberdade. Veremos...
Por dulce surgy

Como dizer melhor?

Há quanto tempo,tudo isto? Abro o armário onde o tempo antigo se enche de bolor e fungos; limpo os papéis, cartas que talvez nunca tenha lido até ao fim, fotografias cuja cor desaparece, substituindo os corpos por manchas vagas como aparições; e sinto, eu próprio, que uma parte da minha vida se apaga com esses restos.
Nuno Júdice, Um rosto (excerto)

2 comentários:

nêta disse...

Será de Nuno Júdice, o excerto. Não sei, não conheço. Mas podia ser teu. Não sei se esta és tu, mas é a tua escrita.
Mesmo que o Nuno Júdice se tenha oferecido para dar uma ajudinha e tenha escrito por ti.

dulce surgy disse...

Na minha modesta opinião, Nêta, Nuno Júdice é o mais tocante poeta contemporâneo. Ele tem uma vasta obra, que aconselho, se tiveres oportunidade, a conhecer. Por isso fico muito contente que aches que estas palavras "são a minha cara". Obrigado.

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