Tantas partes em mim guerreiam
ao pôr do sol, cores, sons, seres
que te espantam, saltam de páginas
em rosa pálido, vagueiam entre o sofá
e a cama e deslizam pelas sombras.
Diurnas, conheço-as bem, conheces também,
os sorrisos, as brisas calmas, e as mãos
em concha para pousar os teus olhos, abrigo, mas
exonera o sol, apaga-o, convida a lua e galga,
baú de mágico, de azul-negro, o ser
convulsivo, carnaval de membros, vastidão
bailante sob nossos destroços húmidos e cálidos.
Uma boca imensa aspira o teu tempo, recuas
em coxos voares, escorregas, quase cais.
E os meus braços,
trepadeiras distendidas em teu redor,
riem demoniacamente neste fim de tarde.
A verdade é que me apeteceu. E depois de me apetecer, fiz. Sempre acompanhada da mesma questão, sempre com a mesma dúvida, sempre a perguntar-me porquê?, e logo uma coisa qualquer, por detrás da cortina transparente da janela, e porque não? Seria uma voz, ainda que não se ouvisse? Não. Era, muito provavelmente, só uma coisa qualquer que não sabia o que dizia. Ainda assim, segui-a. Se é para ficar, para alimentá-lo todos os dias na tentativa de crer que algo válido, se é para o encher com reflexões que valham a pena, ainda não decidi. A verdade é que me apeteceu e fiz. Não sei porquê, nem porque não, mas curiosamente esse facto não é inquietante e, arrisco confessar, confere-me até uma sórdida liberdade. Veremos...
Por dulce surgy
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