A verdade é que me apeteceu. E depois de me apetecer, fiz. Sempre acompanhada da mesma questão, sempre com a mesma dúvida, sempre a perguntar-me porquê?, e logo uma coisa qualquer, por detrás da cortina transparente da janela, e porque não? Seria uma voz, ainda que não se ouvisse? Não. Era, muito provavelmente, só uma coisa qualquer que não sabia o que dizia. Ainda assim, segui-a. Se é para ficar, para alimentá-lo todos os dias na tentativa de crer que algo válido, se é para o encher com reflexões que valham a pena, ainda não decidi. A verdade é que me apeteceu e fiz. Não sei porquê, nem porque não, mas curiosamente esse facto não é inquietante e, arrisco confessar, confere-me até uma sórdida liberdade. Veremos...
Por dulce surgy

Inauguração no Braço de Prata - dia 5 / 11 às 19:30 h

AS MUTAÇÕES DA MEMÓRIA

FOTOGRAFIA DE NICA PAIXÃO E TEXTO DE DULCE SURGY

O projecto “As mutações da memória” nasceu da necessidade de explorar o conceito da característica multi-real da imagem.
Na verdade, já muito se disse sobre a multiplicidade de leituras praticáveis a partir da mesma fotografia; tantas quantos os que a vêem. Contudo, o nosso contributo no vincar desta perspectiva, pretende alargar-se do texto como suporte literário da imagem para a construção duma narrativa independente, uma das mil visões possíveis, a partir de uma série fotográfica, que não é, ela mesma, mais do que um conto sem palavras.
Tornou-se paradoxal este querer ir mais além na procura da ligação texto/fotografia, uma vez que ao dar à escritora, apenas a partir do tema da série conceptual e da sua visualização,a possibilidade de criar uma história totalmente livre da influência da fotógrafa, nascem dois espaços que, embora se enriqueçam na presença um do outro, são autónomos e valem por si só.
No fundo, não se tenciona que cada imagem seja compreendida pelo texto ou vice-versa, mas antes, deixar o espaço aberto para o nascimento de novas narrativas a partir do trabalho fotográfico, e mesmo, imaginar novas imagens no decorrer da leitura.
O tema central desta narrativa prende-se com a dualidade percepção individual/realidade.
As memórias que cada um traz da sua infância, vão sendo reconstruídas, mutadas à medida do passar dos anos e do adensar de experiências. Os nossos primeiros anos reinventam-se sob novas perspectivas, deixando de ser aquilo que na verdade foram, passando a percepções próprias e particulares.

Sem comentários:

  • 4 (1)
  • 11 (4)
  • 10 (1)
  • 9 (2)
  • 8 (6)
  • 7 (15)
  • 6 (15)
Contador de visitas
:)